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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

GRAFISMO - CENÁRIOS



Antes de entrar no Layout foi preciso encontrar a justa relação das personagens, já definidas, com os cenários e descobrir  o universo gráfico do filme.
A criação dos cenários partiu de montagens fotográficas do REAL, que tem uma grande importância neste filme pela relação pessoal que estas personagens establecem com essa realidade  e depois a solidificam na memória. O trabalho plástico digital,  desenvolvido por Barbara Oliveira, sobre essas montagens acabou por ter um papel fundamental na definição de uma linguagem gráfica espessa e original onde o contorno das personagens se tornou desnecessário. 

Acidente

Olá! Eu sou a Bárbara. Só para vos contextualizar, este foi o meu primeiro trabalho profissional - por isso a viagem à procura do grafismo destes cenários foi também uma viagem de aprendizagem para mim.
Este momento do acidente foi dos primeiros cenários em que trabalhei.
Inicialmente, como o grafismo não estava definido, comecei a fazer experiências com vários estilos de pintura - o Zé queria que esta cidade fosse desconstruída e não uma representação realista de uma cidade. Digitalmente, comecei por fazer várias experiências (algumas mirabolantes!).



No entanto, nestes testes, faltava a realidade que estava presente no conceito do filme - a imagem real. Comecei então a integrar fotografias no cenário e a forma como comecei a fazê-lo foi a seguir o conselho do Zé - "Pega na tesoura e diverte-te!".
Este foi o momento em que comecei a sentir-me mais confiante , porque foi muito estimulante "cortar e colar" as fotografias que tinha e criar um mundo novo.
Usei a pintura nestes testes, como se esta estivesse a cobrir a realidade por baixo.




O resultado final desta viagem foi um intermédio entre pintura e fotografia.
A nossa realidade ficou a existir nesta cidade mas de uma forma fracturada e remendada com pintura, formando assim o grafismo da cidade do Estilhaços.


Interior do Carro

O interior do carro foi o primeiro cenário em que trabalhei.
Esta fase foi importante para encontrar o meu método de trabalho mais eficiente.


Podem ver aqui um teste que fiz com acrílico - pintei tradicionalmente uma folha de acetato e digitalizei para fazer a montagem digital. No entanto esta forma de trabalhar não era ideal para mim porque senti-me limitada dentro das experiências que podia fazer.
Voltei então para o digital e o Zé desafiou-me a fazer várias propostas de ideias que eu tivesse, de uma forma muito esboçada para no final podermos decidir qual delas trabalharia mais detalhadamente.
Este método fez com que eu perdesse o receio de trabalhar de forma imediata.




O resto do processo para encontrar o grafismo do interior do carro foi como o exemplo que vos apresentei antes - cortar, colar e pintar!



Guiné-Bissau

O processo de criação gráfica da Guiné-Bissau foi muito diferente do processo da cidade.
O ambiente gráfico da floresta tinha que ser distinto da cidade onde eles viviam.
Em conversa com o Zé, chegamos à conclusão que este ambiente não iria ter fotografias, apenas pintura para retratar a memória do pai do Mário.
Comecei então por fazer testes a preto e branco, porque para mim era mais fácil pensar nos elementos que compunham o cenário em silhuetas e direccionar o espectador com a luz, para as áreas mais importantes da acção.





A floresta começou por ter cores quentes, mas essa imagem puxava muito a atenção para o ambiente, tornando-o um pouco pitoresco quando procurávamos um ambiente mais misterioso.
Lembrando-me das vezes em que estive em florestas densas comecei a fazer testes com cores mais frias, indo assim também de encontro com as florestas húmidas e chuvosas da Guiné-Bissau.





Agora sim, o capítulo do grafismo está fechado. Vamos iniciar a fase de produção do filme com o Layout.

1 comentário:

  1. Nada a dizer, o caminho está à vista, agora é pegar na enxada e cavar. tenho a certeza de sucessos vindouros, e satisfação pessoal, estou orgulhoso no resultado desta peça e futuras que se vão seguir, e expectativa da próxima. bjs...

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