Antes de entrar no Layout foi preciso encontrar a justa relação das personagens, já definidas, com os cenários e descobrir o universo gráfico do filme.
A criação dos cenários partiu de montagens fotográficas do REAL, que tem uma grande importância neste filme pela relação pessoal que estas personagens establecem com essa realidade e depois a solidificam na memória. O trabalho plástico digital, desenvolvido por Barbara Oliveira, sobre essas montagens acabou por ter um papel fundamental na definição de uma linguagem gráfica espessa e original onde o contorno das personagens se tornou desnecessário.
Acidente
Olá! Eu sou a Bárbara. Só para vos contextualizar, este foi o meu primeiro trabalho profissional - por isso a viagem à procura do grafismo destes cenários foi também uma viagem de aprendizagem para mim.
Este momento do acidente foi dos primeiros cenários em que trabalhei.
Este momento do acidente foi dos primeiros cenários em que trabalhei.
Inicialmente, como o grafismo não estava definido, comecei a fazer experiências com vários estilos de pintura - o Zé queria que esta cidade fosse desconstruída e não uma representação realista de uma cidade. Digitalmente, comecei por fazer várias experiências (algumas mirabolantes!).
No entanto, nestes testes, faltava a realidade que estava presente no conceito do filme - a imagem real. Comecei então a integrar fotografias no cenário e a forma como comecei a fazê-lo foi a seguir o conselho do Zé - "Pega na tesoura e diverte-te!".
No entanto, nestes testes, faltava a realidade que estava presente no conceito do filme - a imagem real. Comecei então a integrar fotografias no cenário e a forma como comecei a fazê-lo foi a seguir o conselho do Zé - "Pega na tesoura e diverte-te!".
Este foi o momento em que comecei a sentir-me mais confiante , porque foi muito estimulante "cortar e colar" as fotografias que tinha e criar um mundo novo.
Usei a pintura nestes testes, como se esta estivesse a cobrir a realidade por baixo.
Usei a pintura nestes testes, como se esta estivesse a cobrir a realidade por baixo.
O resultado final desta viagem foi um intermédio entre pintura e fotografia.
A nossa realidade ficou a existir nesta cidade mas de uma forma fracturada e remendada com pintura, formando assim o grafismo da cidade do Estilhaços.
Interior do Carro
O interior do carro foi o primeiro cenário em que trabalhei.
Esta fase foi importante para encontrar o meu método de trabalho mais eficiente.
Podem ver aqui um teste que fiz com acrílico - pintei tradicionalmente uma folha de acetato e digitalizei para fazer a montagem digital. No entanto esta forma de trabalhar não era ideal para mim porque senti-me limitada dentro das experiências que podia fazer.
Voltei então para o digital e o Zé desafiou-me a fazer várias propostas de ideias que eu tivesse, de uma forma muito esboçada para no final podermos decidir qual delas trabalharia mais detalhadamente.
Este método fez com que eu perdesse o receio de trabalhar de forma imediata.
O resto do processo para encontrar o grafismo do interior do carro foi como o exemplo que vos apresentei antes - cortar, colar e pintar!
Guiné-Bissau
O processo de criação gráfica da Guiné-Bissau foi muito diferente do processo da cidade.
O ambiente gráfico da floresta tinha que ser distinto da cidade onde eles viviam.
Em conversa com o Zé, chegamos à conclusão que este ambiente não iria ter fotografias, apenas pintura para retratar a memória do pai do Mário.
Comecei então por fazer testes a preto e branco, porque para mim era mais fácil pensar nos elementos que compunham o cenário em silhuetas e direccionar o espectador com a luz, para as áreas mais importantes da acção.
A floresta começou por ter cores quentes, mas essa imagem puxava muito a atenção para o ambiente, tornando-o um pouco pitoresco quando procurávamos um ambiente mais misterioso.
Lembrando-me das vezes em que estive em florestas densas comecei a fazer testes com cores mais frias, indo assim também de encontro com as florestas húmidas e chuvosas da Guiné-Bissau.
O ambiente gráfico da floresta tinha que ser distinto da cidade onde eles viviam.
Em conversa com o Zé, chegamos à conclusão que este ambiente não iria ter fotografias, apenas pintura para retratar a memória do pai do Mário.
Comecei então por fazer testes a preto e branco, porque para mim era mais fácil pensar nos elementos que compunham o cenário em silhuetas e direccionar o espectador com a luz, para as áreas mais importantes da acção.
A floresta começou por ter cores quentes, mas essa imagem puxava muito a atenção para o ambiente, tornando-o um pouco pitoresco quando procurávamos um ambiente mais misterioso.
Lembrando-me das vezes em que estive em florestas densas comecei a fazer testes com cores mais frias, indo assim também de encontro com as florestas húmidas e chuvosas da Guiné-Bissau.
Nada a dizer, o caminho está à vista, agora é pegar na enxada e cavar. tenho a certeza de sucessos vindouros, e satisfação pessoal, estou orgulhoso no resultado desta peça e futuras que se vão seguir, e expectativa da próxima. bjs...
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