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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

IMAGEM REAL


O trabalho desenvolvido com a imagem real neste filme explora a relação das personagens com diferentes niveis de memória. Para o conseguir optámos numa primeira fase, por registar os momentos do real recorrendo a fundos croma para facilitar o recorte das personagens e numa segunda fase integrar esses recortes em sequências préviamente animadas.


Plano de pormenor das mãos do Pai 

A construção deste plano através da manipulação de fragmentos da imagem recortados "à tesoura" e reorganizados no espaço esteve na origem da criação da linguagem para a imagem real deste filme.






Primeiros testes de integração

Como ligar dois planos que representam a mesma situação mas que foram criados em momentos diferentes, com técnicas distintas (imagem real e desenho animado) e grafismos diferentes? Que relação formal queremos estabelecer entre cada duas imagens sobrepostas para explorar a relação do personagem principal com o passado? Como resulta essa ligação quando estas imagens passam a 24 frames por segundo? Para encontrar respostas iniciámos os primeiros testes:


Plano 97

Olá, eu sou a Marta Ribeiro e neste filme fiz a assistência de realização da imagem real assim como a recolha das imagens. Nesta cena, o desafio era acompanhar o actor com a câmara a correr, sem nunca o perder do enquadramento. A ideia de fazer este movimento à mão, sem qualquer tipo de equipamento auxiliar, tinha como objectivo a criação de uma imagem real instavel que servisse o conceito do filme. 




Desenho animado

Porque não queriamos que o movimento do filme ficasse refém do movimento da imagem real, decidimos criar primeiro o desenho animado e só depois filmar a correspondente real dessas imagens. A colagem dos recortes reais sobre a animação ficava assim integrada de uma forma grosseira como pedaços de memória soltos.

  Imagem final em bruto


Imagem real sobreposta à animação

Resultado final



Plano 79

Quando o Zé Miguel percebeu que seria necessário incluir momentos de imagem real no filme, começámos a estudar a melhor maneira de o fazer. À medida que os testes avançavam por tentativa- erro,  fomos construindo uma linguagem que acabou por ser aplicada a outros momentos do filme.


Filmámos algumas cenas no exterior, mas a maioria foi captada num estúdio improivisado, no centro coreográfico de Montemor-o-Novo, Espaço do Tempo.





Aí filmámos planos fixos, planos de pormenor, e travellings. Os actores usaram próteses de narizes para os conseguirmos ligar aos personagens desenhados do filme como acontece neste plano em que o bailarino Filipe Pereira (Mané) é filmado numa situação idêntica à que aparece no desenho animado.




À parte destas imagens já introduzidas e que se podem ver no filme, foram filmadas, paralelamente, outras cenas com outro fim, o de auxiliar os animadores a executarem certos planos mais específicos, que viviam muito do próprio movimento humano. Com estas imagens a servir de base, os animadores puderam entender e trabalhar outros pormenores na animação.
Todas as imagens, em vídeo e fotografia, foram captadas por uma Canon 7D.

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